Olho pela janela e desfruto a paisagem. Vejo casas, habitações de variadas pessoas que neste momento lhes flui uma corrente de alegria e felicidade, e noutras um desvio de lamentação e angústia. Na simples visão que tenho através da minha métrica janela do quarto consigo sentir e imaginar inúmeros aspectos, vias e ondas de todo o tipo de caminhos e viragens. Mas simplesmente o melhor é o horizonte e as nuvens cor de salmão que penetram e tingem o céu azul com a final claridade do dia. Sinto tranquilidade na função de espectador deste cenário único e infinito. Só espero que mais pessoas o tenham apreciado tanto como eu para sentirem também este belo sentimento de felicidade que o céu e todo o seu redor promoviam. Por fim as nuvens dissolvem-se na última e pequena claridade do céu azul e todas as pessoas repousam num instante para sentirem o silêncio e último suspiro da luz do dia. A noite está prestes a chegar. Um novo dia começa no oposto e na simetria de mim. O horizonte descansa, pois a noite e a penumbra do luar absorvem os seus restantes ápices da tarde. A lua mostra-se e as estrelas vão descendo sem eu as ver. Calo-me na inocência do meu ser. Este processo abala o meu consciente. A sua beleza, a sua delicadeza, a sua ternura. É belo. Magnífico. Supremo. As coisas mais simples escondem a sua pura e bela complexidade, e nós, sem muitas vezes saber, temos o valioso dom de a saber desvendar.
Maria João Petrucci